Cotado para assumir a presidência do PR em 2015, o deputado federal João Carlos Bacelar é acusado, em reportagem da revista Veja publicada neste domingo (27), de pedir participação nos lucros da empreiteira mineira Pavotec Pavimentação e Terraplenagem, em troca do contrato firmado entre a empresa e a Valec, estatal responsável pela construção de ferrovias no país. A companhia está vinculada ao Ministério dos Transportes, que está sob o controle da pasta – em junho, o baiano Paulo Sérgio Passos assumiu a pasta, em substituição à César Borges, ambos republicanos. Segundo Veja, pouco antes da saída do ex-governador da Bahia, o dono da Pavotec, Djalma Diniz, procurou Borges em seu gabinete para relatar que sofria pressão para repassar parte do pagamento de contratos firmados com o MT com parlamentares. O autor da pressão seria Bacelar, que dizia falar em nome do partido e pedia o dinheiro sob alegação de que a sigla o ajudou a fechar os certames.
Foto: Edsom Leite/MT/Bahia Notícias |
“O dono da Pavotec me procurou no ministério para dizer que o deputado João Carlos Bacelar está cobrando dele uma participação nos contratos com a Valec”, teria dito Borges a assessores e políticos de confiança. Segundo a matéria de Veja, baseada em conversas gravadas, dos diversos contratos da empresa com a pasta, que chegariam a quase R$ 2 bilhões, dois estariam sob a mira do congressista: um no valor de R$ 514 milhões e outro no valor de R$ 719 milhões. Diniz, que classificou a exigência de Bacelar como "achaque descarado", se negou a fazer o pagamento após apurar com o ministro que ele não falava em nome do partido. A partir da recusa, diz Veja, o parlamentar começou a criticar o empresário e a minar Borges, que seria seu desafeto político. “Esse Djalma é um picareta. Nós conseguimos colocar a empresa dele na valec, com contratos de mais de 1 bilhão, ele ficou de repassar uma parte de volta e não está cumprindo o combinado", disse Bacelar a um deputado amigo, que contou o diálogo à revista. Ele revelou também que o pedido feito à Diniz girava em torno de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões, que seriam repassados por meio da subcontratação de empresas.
O empresário e ex-deputado Djalma Diniz | Foto: AL-MG |
Com isso, afirma a reportagem, o porcentual cobrado pelo republicano seria de mais de 8%, o dobro do que era solicitado por membros do partido em um esquema de propina controlado pela legenda que teria levado a demissão de seis ministros em 2011, entre eles Alfredo Nascimento (PR), titular dos Transportes. A exoneração ocorreu após a presidente Dilma Rousseff, recém-empossada, ter questionado a elevação de custos das obras do MT. “Vocês são inadministráveis e estão inviabilizando meu governo” , repreendeu Dilma. Veja revelou que a diferença referia-se ao superfaturamento dos serviços por parte das empreiteiras, que repassavam 4% à agremiação em troca dos contratos. À revista, Diniz afirmou que não pediu ajuda de políticos para conseguir o contrato, mas confirmou que inicialmente a Valec duvidou da capacidade da sua empresa em realizar o trabalho. De acordo com a reportagem, o empresário mentiu e não somente foi até a Valec, como teve encontros com parlamentares em hotéis em Brasília e nos corredores do Congresso, sendo Bacelar um dos seus maiores interlocutores. Ainda de acordo com a matéria, eles se encontraram mais de uma vez antes e depois do fechamento do contrato e uma das reuniões foi realizada em uma sala próxima ao plenário na Câmara.
Fonte: Bahia Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário