A promotoria sueca anunciou nesta sexta-feira (13) que deve propor o envio de um magistrado a Londres para interrogar Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, no caso de duas mulheres que o acusam de estupro.
"A promotora Marianne Ny enviou um requerimento aos advogados de Julian Assange para saber se aceitaria depor em Londres e passar por um exame de DNA", afirma um comunicado.
O anúncio representa uma mudança da justiça sueca, que até o momento era contrária às demandas de Assange de prestar depoimento em Londres.
Desde junho de 2012, Assange está refugiado na embaixada do Equador da capital britânica para evitar a ordem de prisão que a Grã-Bretanha deseja cumprir caso deixe a representação diplomática.
O advogado de Assange, Per Samuelsson, afirmou que o fundador do WikiLeaks aceitará a proposta.
"Cooperamos com a investigação. Ele aceitará", disse o advogado, antes de destacar que o cliente está "feliz" com o passo adiante.
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Samuelsson disse ainda a possibilidade de prestar depoimento em Londres é um primeiro passo para demonstrar a inocência do cliente. "É algo que pedimos há quatro anos. É o caminho a seguir para que seja declarado inocente", disse o advogado.
Acusações
O australiano nega as acusações de estupro de duas suecas, que remontam a 2010, e teme que se viajar para a Suécia será extraditado mais tarde aos Estados Unidos por seu papel na divulgação de 250.000 telegramas diplomáticos americanos e 500.000 notas militares secretas pelo WikiLeaks.
A promotoria afirmou que mudou de posição porque vários fatos atribuídos a Assange prescreverão em agosto de 2015, em menos de seis meses.
"Minha posição é que as condições para tomar o depoimento na embaixada de Londres são tais que a qualidade da audiência teria carências. Por isto, deve estar presente na Suécia para um eventual julgamento. Esta posição continua sendo a mesma", disse Ny.
"Mas agora começa a faltar tempo e, por consequência, tenho que aceitar uma perda de qualidade na investigação", completou.
Agora, a Grã-Bretanha terá que aceitar uma investigação em seu território por magistrados estrangeiros e o Equador terá que abrir as portas da embaixada.
Quito concedeu asilo a Assange em agosto de 2012, mas não conseguiu aplicar a medida, já que o australiano não recebeu salvo-conduto para deixar a embaixada e seguir até o aeroporto.
Assange foi acusado por duas mulheres de estupro. As duas o hospedaram em suas casas por ocasião de duas conferências na Suécia.
O australiano afirma que as relações com as duas mulheres foram consensuais.
Esta é a primeira vez que a justiça sueca manifesta interesse pelo DNA de Assange, apesar de não ter informado sobre o uso do material.
"Eles já têm o DNA dele", disse o advogado de defesa.
Ny admitiu não ter certeza se a investigação poderá progredir com uma audiência.
"Há uma incerteza sobre onde poderia nos levar".
Elizabeth Fritz, a advogada de uma das demandantes, comemorou a decisão.
"Queremos que a investigação avance e para isto era necessário mudar de opinião sobre o local da audiência", afirmou em um comunicado.
Mil dias na embaixada
Julian Assange completará 1.000 dias na embaixada equatoriana na próxima segunda-feira (16), um período de confinamento que ele compara a viver em uma estação espacial.
Assange pediu refúgio no modesto apartamento em 19 de junho de 2012 para evitar a extradição para a Suécia.
A embaixada fica no elegante distrito de Knightsbridge, mas não é muito grande e o australiano vive em um pequeno quarto dividido em um escritório e uma sala de estar, com acesso a uma cozinha modesta.
Com a ameaça de prisão da polícia britânica caso deixe o edifício, ele faz exercícios em uma esteira de corrida e utiliza uma lâmpada de luz solar artificial para compensar a falta da luz natural. Ele aparece poucas vezes na varanda para falar com simpatizantes e com a imprensa.
Agora, com a mudança de postura da promotoria sueca, o caso pode avançar. Assange se recusou a viajar para a Suécia por considerar que as acusações têm motivações políticas e são uma armadilha para uma possível extradição aos Estados Unidos.
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que Assange pode ficar na embaixada o tempo que considerar necessário.
Fonte: G1Mundo
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