Foto: Reprodução Bocão News |
Mesmo diante da matança de 152 policiais militares desde o ano passado, a maior parte delas no horário de folga, a Polícia Militar do Rio de Janeiro proíbe que seus homens e mulheres levem a arma da corporação para casa.
Salvo em situações especiais, com autorização do comando, os PMs fluminenses são obrigados a deixar todo o armamento no quartel e retirá-lo quando voltam ao trabalho. Se quiserem se proteger no horário de folga, precisam comprar a própria arma.
Em 2017, 134 policiais foram assassinados no Estado, número que só fica abaixo das 137 mortes registradas em 1996, segundo a própria PM.
O aumento da violência no Rio também atinge civis. O índice de mortes violentas no Estado é de 40 por 100 mil habitantes, em 2017 —valor que cresceu 24% desde 2015. O Estado está sob intervenção federal na segurança, comandada pelo general Walter Braga Netto, nomeado pelo presidente Michel Temer (MDB). Anunciada na sexta-feira (16), a medida foi aprovada na última semana pelo Congresso.
Policiais ouvidos pela Folha dizem que a proibição de levar as armas para casa é uma regra em uso há anos e que vem sendo mantida a despeito do alto número de PMs mortos. O máximo que a corporação faz, segundo eles, é facilitar, parcelando em até 12 vezes, a compra da arma particular dos policiais.
Nem todos, porém, têm condições. As armas custam mais do que um mês de salário de um soldado —R$ 2.743. Uma pistola, segundo os policiais, custa para eles entre R$ 3.000 e R$ 4.000.
Ainda que o PM tenha interesse na compra, reclamam os policiais, a aquisição não é fácil. É preciso cumprir exigências legais, como a autorização do Exército —que em alguns casos chega a barrar, de acordo com a classificação de comportamento do policial.
Um sargento ouvido pela reportagem, e que pediu anonimato, classifica esse processo como um sofrimento.
Para o sociólogo, Renato Sergio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a proibição de porte de arma fora de serviço —ante a situação do Rio— demonstra um descaso com o profissional.
"O governo mostra que não tem nenhuma preocupação com a vida do policial. Mais do que isso, é quase um incentivo para ele cair na ilegalidade, porque ele precisa se defender de alguma forma e, não tendo dinheiro para compra, vai ter que dar um jeito", diz.
Fonte: Bocão News
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