Em entrevista à Folha de São Paulo o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, afirma que no carnaval da Bahia os recursos são divididos de forma desigual. Segundo ele, a Bahia é terra de uma artista só: Ivete Sangalo. João credita a força da cantora e de Cláudia Leite ao fato de serem brancas e portanto monopolizarem o mercado da publicidade e de shows. Na opinião do líder do bloco afro, o carnaval de todo o Brasil é discriminatório, porque esse é o caráter do país.
“Você passa 359 dias no ano praticando toda forma de violência institucional, de racismo institucional, e você quer que em seis dias o Carnaval seja democrático?”, diz ele na entrevista. João argumenta que na Bahia o segregacionismo é ainda pior porque o circuito de Salvador é o que angaria mais patrocínio e visibilidade e, no entanto, há blocos com cordas separando quem pode pagar do povo.
O líder também coloca que a vinda de artistas como Psy para a folia baiana é a mostra de que a Bahia não valoriza seus artistas, a sua negritude. Quando perguntado sobre o caráter popular da festa momesca João é enfático. "Nunca, ainda não é e talvez não seja. É uma festa de multidões, mas que tem uma repressão muito grande sobre tudo. O Carnaval é extremamente limitado, onde se desfila, se bate foto, é preciso pagar taxas.
Qual prefeito ou governador vai dizer: "A gente banca o Carnaval, dá segurança, saúde, infraestrutura, gasta R 84 milhões, e todos terão de cumprir a seguinte diretriz: será um desfile alternativo, com um bloco afro, depois um afoxé e um bloco de trio. Um bloco travestido e um trio independente. Em horários que todos possam aparecer na TV". Quero ver qual autoridade da Bahia vai fazer isso", resumiu.
Fonte: Bahia Extra
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