A inflação, que assombrou a economia brasileira durante todo ano de 2013, continuará sendo um problema para o governo e para a população em 2014. Com um grande empurrão das passagens aéreas e da gasolina, que tiveram forte alta, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo fechou o mês de dezembro em 0,92%, a maior variação desde abril de 2003. Com isso, o resultado anual foi de uma inflação de 5,91%, bem acima do centro da meta, que é de 4,5%. Nem mesmo a meta informal do Banco Central, que era ter uma inflação abaixo da registrada em 2012 (5,84%,) foi atingida.
Este ano, os economistas acreditam que o fantasma do aumento de preços deve continuar rondando a economia do país, muito por conta do aumento da demanda. “O Brasil terá que criar outra maneira criativa para controlar a inflação”, diz Robson Gonçalves, economista professor dos MBAs da FGV. “Durante um tempo teve desoneração para conter a inflação e depois um controle dos preços dos combustíveis. Alguma outra medida criativa o governo terá que criar. O que vai ser, eu não sei. Não vai ser o controle clássico, pela taxa de juros. Será uma medida paliativa que vai empurrar o problema inflacionário para 2015”, afirma.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimento, recomenda um remédio amargo: conter o consumo da população, que nos últimos anos, viu sua renda crescer de maneira muito rápida. “Em 2014, vai ficar mais clara a diminuição real da renda do trabalhador, a taxa de desemprego vai parar de cair e os salários não vão subir tanto. Vai ser parte da solução da inflação. As pessoas tem que ter ideia que isso vai acontecer em algum momento este ano. A dúvida é saber se o governo vai fazer isso antes ou depois da eleição”.
Com os preços subindo, os especialistas apostam em alta da Taxa Selic na próxima reunião do Copom, na semana que vem. Gonçalves acredita em mais um aumento na taxa básica de juros, mas sugere que a série de alta chegue ao fim. “O BC deveria fazer mais uma alta e então manter a taxa para ver os resultados na economia”, afirma.
Perfeito é contra o aumento da Selic. Em sua opinião, o país já sente sinais claros de desaceleração do consumo das famílias, o que já seria capaz de reduzir a inflação. “O governo irá aumentar a Selic só para acalmar o mercado, que está pessimista. O governo está tentando incentivar a economia e o Banco Central está tentando resgatar a credibilidade e controlar as expectativas do mercado”.
Fonte: Época.
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