segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Líderes se reunirão em Minsk para buscar solução ao conflito ucraniano


Os chefes de Estado da Rússia, França, Alemanha e Ucrânia devem se reunir em Minsk na quarta-feira (11) para concluir um acordo de paz e evitar que o conflito no leste da Ucrânia se transforme em uma "guerra total", anunciou Berlin neste domingo (8).

Vladimir Putin, François Hollande, Angela Merkel e Petro Poroshenko realizaram uma "longa reunião por telefone" na manhã deste domingo, de acordo com um comunicado do ministério das Relações Exteriores alemão.

Os líderes "seguem trabalhando em um pacote de medidas como parte dos esforços para alcançar um acordo total sobre o conflito", indica o texto.

Um comunicado do governo de Poroshenko informou que houve progresso com o telefonema. "Os participantes conseguiram progressos na discussão de uma série de medidas para a implementação dos acordos de Minsk", disse sobre o plano de cessar-fogo que entrou em vigor em setembro passado, mas nunca foi plenamente observado e, a certa altura, entrou em colapso.

Confirmando que os quatro líderes se reuniriam em Minsk na quarta-feira, Poroshenko disse: "Eles (os líderes) também esperam que os seus esforços durante a reunião de Minsk levem a um cessar-fogo rápido e incondicional".
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Rússia
Pouco depois, o presidente russo, Vladimir Putin, considerou em um encontro televisionado com o líder bielorrusso, Alexander Lukashenko, que a reunião de Minsk só ocorrerá se houver entendimento sobre "alguns pontos" que têm sido discutidos "intensamente" nos últimos dias.

Segundo Berlin, na segunda-feira (9) os trabalhos prosseguirão na capital alemã, "a fim de organizar uma cúpula em Minsk na quarta-feira, no formato 'Normandia'", reunindo os quatro poderes.

"Os signatários dos acordos de Minsk", a primeira tentativa de solucionar o conflito em setembro do ano passado na capital bielorrussa, "vão se reunir novamente na quarta-feira".

Trata-se dos representantes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Rússia e Ucrânia, bem como líderes rebeldes pró-russos do leste ucraniano.

Nos últimos dias, França e Alemanha têm trabalhado em uma iniciativa de paz, considerada pelo presidente francês como a "última chance" ante a rápida escalada da situação no terreno.

Hollande e Merkel passaram mais de dez horas discutindo com o presidente ucraniano Petro Poroshenko em Kiev na quinta-feira, e na sexta-feira se reuniram com seu colega russo em Moscou.

"O que a França e a Alemanha buscam atualmente na Ucrânia não é uma paz no papel, mas no terreno", insistiu o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, durante uma conferência internacional sobre segurança em Munique, neste domingo.

"Ninguém quer entrar em uma guerra", acrescentou, referindo-se a um conflito que já deixou mais de 5.500 mortos em 10 meses.

Acusações
Em meio às tentativas de acordo, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, acusou Putin de agir como um "tirano" em relação à Ucrânia, mas disse que as forças de Kiev não poderiam derrotar o exército da Rússia no campo de batalha e que apenas uma solução política pode acabar com o derramamento de sangue.

"Ucranianos não podem derrotar o exército russo, essa não é uma proposta prática. Tem que haver uma solução política", disse à Sky News.

"Este homem (Putin) enviou tropas através de uma fronteira internacional e ocupou o território de outro país em pleno século 21 agindo como se fosse um tirano em meados do século 20. Nações civilizadas não se comportam dessa forma", acrescentou.

Os comentários de Hammond foram feitos um dia após a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmar que o envio de armas para ajudar a Ucrânia a combater os separatistas não resolveria a crise da região, o que foi duramente criticado pelos políticos norte-americanos.

Plano
De acordo com uma autoridade do Departamento de Estado americano, o plano franco-alemão prevê uma maior autonomia para as regiões rebeldes.

O plano baseia-se na linha de frente atual e prevê a criação de uma zona desmilitarizada de 50 a 70 quilômetros de comprimento ao longo dessa linha, segundo Hollande.

Contudo, muitas questões permanecem sem resposta, como o 'status dos territórios' conquistados pelos separatistas, o 'controle das fronteiras' através das quais homens e suprimentos provenientes da Rússia entram na bacia rebelde de Dombass, e a 'retirada das armas pesadas', de acordo com o presidente francês.

"A Rússia pretende modificar de maneira fundamental a paisagem da segurança na Europa central e oriental", afirmou no sábado em Munique o secretário de Estado americano, John Kerry.

Por sua vez, Poroshenko indicou que só há "uma linha (frente): o acordo de Minsk" assinado em setembro de 2014.

No terreno, no reduto separatista de Donetsk durante boa parte da noite foram ouvidos disparos de artilharia que prosseguiram por toda a manhã, de acordo com jornalistas da AFP no local, que acreditam em ataques rebeldes contra posições ucranianas no norte da cidade.

Nas últimas 24 horas, outros 12 soldados ucranianos foram mortos, anunciou o exército de Kiev, enquanto o saldo de vítimas civis varia de quatro (de acordo com as tropas da Ucrânia) a oito (segundo os rebeldes).

A porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, pediu que os beligerantes parem com os "intensos combates", registrados principalmente em Debaltsevo e perto da cidade portuária de Mariupol, para não prejudicar os esforços diplomáticos em curso.
Informações: G1 Mundo

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