quarta-feira, 29 de maio de 2013

Blogueira censurada terá que pagar R$ 2 milhões a Sarney


Uma blogueira do Amapá, Alcinécia Cavalcante Costa, de 57 anos, foi alvo de processos movidos por José Sarney, que não gostou de um comentário feito por um internauta em seu blog. As multas, mais juros e correções fizeram com que a dívida da blogueira com a União alcançasse R$ 2 milhões. E, como não possui bens, a Justiça Eleitoral de seu estado determinou, em primeira instância, o bloqueio de sua conta.

Em 2006, no período eleitoral, a professora e aposentada Alcinéia publicou em seu blog, o qual falava de política, arte e poesia, uma brincadeira. Sugeriu que os internautas fizessem um adesivo com a frase "o carro que melhor combina comigo é o camburão da polícia" e colassem no carro de algum candidato. 

"Eu nem dava notícia de candidatos ao Senado, eu dava mais notícias para candidatos ao governo. Quando eu fiz a brincadeira no blog, um leitor disse que o adesivo era para o Sarney. Aí, pronto. Já os outros candidatos - porque cada internauta citava um candidato, a governador ou a deputado federal - nenhum se importou com isso, foi só o Sarney", argumentou. 

A Justiça impôs, na época, a retirada da postagem do ar, e a ordem foi acatada. No entanto, ela criou novas postagens divulgando o caso, o que rendeu outro processo. E a cada notícia que publicava comentando o caso era alvo de mais e mais processos, todos pelo senador, até que chegou no montante milionário. 

Em relação ao valor da multa, em entrevista à Folha de São Paulo, comenta: "Se pudesse pagar, pagaria para me livrar. É muito injusto, mas pagaria, jogaria esse dinheiro na cara do Sarney". 

A condenação e a punição deveriam ser examinadas novamente, disse o advogado de Alcinéia, Ruben Bemerguy. Afirmou ainda que casos como esses, além de limitarem a liberdade de imprensa, constrange o jornalista. 

O presidente da Fenaj também comentou o caso com a Folha de São Paulo: "Essa desproporção das punições acaba inviabilizando a atividade profissional do jornalista e o exercício de liberdade".
Fonte: folhapolítica.org

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