quarta-feira, 8 de maio de 2013

Estética sim, mas geração de renda também!


Durante muitos anos acompanhamos a eterna discussão sobre a remodelação dos espaços utilizados pelos comerciantes informais no centro de Feira de Santana, que transformam aquilo numa verdadeira favela a céu aberto. Motivo de debates acalorados de gente que na realidade nunca procurou de fato debruçar o olhar sobre o problema e procurar responsavelmente resolvê-lo. E olhe que de discurso todo mundo já está mais que cansado no município.

Porém qualquer discurso prático deve perpassar por duas inferências óbvias no processo. Ninguém pode pensar que atacando gestores municipais reiteradas vezes, e outros alimentando o discurso fácil de que o comércio informal gera emprego e renda vai resolver o problema, porque não vai mesmo. O problema é de raciocínio mesmo, de pensar politicamente e criar as condições para resolver a situação sem gerar constrangimento para ninguém.

A primeira inferência de que a Prefeitura Municipal e seus organismos responsáveis junto com a Câmara de Vereadores, que sempre foi omissa em relação ao assunto, já deveria ter resolvido o problema é totalmente verdadeira, já deveria ter pensado nisso a muitos anos, mas seus gestores estão mais preocupados com política pela política do que a administração pública de fato.

A segunda inferência de que sem emprego e renda o povo pensa por si mesmo e gera seu próprio emprego, porque isso é da lógica do mundo do trabalho, também está na capilaridade da verdade, porque ninguém vai querer pedi esmolas ou adentrar para o mundo do crime quando se pode trabalhar informalmente. O povo que trabalha na Sales Barbosa ou na Marechal Deodoro não tem como organizar a infraestrutura local, porque não é de sua de competência, isso é do município, pois os gestores são eleitos para formular soluções para a cidade. Eles estão trabalhando como se estivessem numa favela comercial porque precisam trabalhar para sobreviver e quem tem que organizar como deve funcionar o comércio é a gestão municipal.

Agora concluir o discurso de que depois de tanto tempo que aquela favelização está pronta deve-se despejar todo mundo para fora dali sem planejamento, é um discurso vazio de conteúdo e que eticamente não cabe para quem assume a responsabilidade de administrar a coisa pública para resolver e não para desagregar.

Concordamos com o “Pacto por Feira”, mas discordamos da forma como querem fazer. Se querem resolver o problema que resolva, mas respeite também os comerciantes informais. Aliás não concordamos com a falta de raciocínio sendo substituído pela brutalidade dos que se dizem fortes. O direito reside na força, mas na força da moral, do diálogo e da construção de processos que resolvam o problema da estética da cidade, sem tirar as fontes de renda do povo.

Antes de retirar brutalmente pais e mães de famílias que sobrevivem da chamada favela a céu aberto, Feira de Santana precisa de fato é pensar em criar um espaço próprio para aquele mercado informal das ruas do Centro da cidade, com infraestrutura adequada, com transporte coletivo de todos os bairros da cidade até o local, com exímia organização que os novos padrões organizacionais exigem, e considerando que deixe de ser mercado informal então.

Com isso inclusive a Prefeitura Municipal aumentará sua arrecadação, gerando processos de desenvolvimento comercial gerando emprego e renda e consolidando nossa cidade como grande pólo comercial conhecido em todos os cantos desse país.

Por Genaldo de Melo

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